Dinheiro - Foto: Silvia Tereza
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Rennan Setti e Gabriela Valente, da Agência O Globo

A partir deste domingo, o brasileiro terá mais opções para escolher onde receberá seu salário. Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovada em fevereiro e que entra em vigor agora permite que o pedido de portabilidade da conta-salário seja feito diretamente na instituição em que se quer receber, como já acontece na portabilidade da telefonia.

Essa instituição poderá ser até uma start-up financeira (a chamada fintech) que ofereça conta de pagamentos e cartão pré-pagos, como Nubank e Mercado Pago, ou serviços como PayPal e PagSeguro. Tudo deve ser concluído em cinco dias.

A portabilidade da conta-salário existe desde 2006, mas só podia ser feita para conta de depósito tradicional.

ABERTURA DE CONTA COM SELFIE

A relações-públicas Flávia Luz Oliveira, de 26 anos, tem contas de pagamentos nas fintechs Nubank e Neon, além de uma conta-salário em banco tradicional. Seu desejo é receber apenas por contas digitais: “A realidade é que não preciso de uma conta tradicional. Entre os meus amigos, transferimos dinheiro uns para os outros por meio de aplicativos”.

A troca, porém, envolve uma mudança de cultura. Como oferecem abertura de conta on-line e mesmo via smartphones, sem contato humano, fintechs e bancos digitais recorrem a processos diferentes dos bancos tradicionais para provar a identidade do internauta. No Neon, os clientes enviam selfies, e a fintech registra seus dados biométricos e os compara com as fotos dos documentos do usuário (que também precisam ser enviadas).

No banco Inter, além de selfies e fotos de documentos, os clientes precisam assinar o nome cinco vezes em uma folha de papel em branco e fotografá-la. A partir dessa imagem, o Inter faz uma análise grafológica, comparando-a com as assinaturas dos documentos enviados. O banco digital Inter pode comparar o e-mail cadastrado pelo cliente com o registrado nas redes sociais. As instituições fazem cruzamentos tradicionais, como a checagem do CPF no site da Receita Federal.

A tentativa de compensar a falta de contato humano com tecnologia às vezes causa desconforto. Pesquisa da agência Cantarino Brasileiro mostrou que 26% dos clientes de bancos digitais consideram um ponto negativo a falta de agências físicas. Além disso, algumas fintechs ainda não oferecem serviços como saques com cartão de débito, como na conta do Nubank.

CHANCE DE OBTER VANTAGEM

Para Claudia Eliza, líder do escritório da consultoria PwC no Rio, o consumidor disposto a aproveitar a portabilidade pode obter vantagens: “As fintechs terão um novo nicho de mercado, o que tende a aumentar a concorrência”.

O Original, banco digital do grupo da JBS, promete que a mudança será feita pelo app e oferece tarifa zero, cartão de crédito sem anuidade e 50% de desconto nos juros do cheque especial e de empréstimos. Com mais de 600 mil clientes, o banco avalia que a portabilidade vai estimular o crescimento, diz Marcelo Santos, diretor executivo de pessoa física. O plano é encerrar o ano com até 1 milhão de correntistas.

No Nubank, a sócia Cristina Junqueira estima que, com a portabilidade, as contas pré-pagas podem aumentar de 1,5 milhão para até 3 milhões de usuários no fim do ano: “A burocracia era enorme, e os bancos alegavam que não podia por ser uma conta de pagamento. Ficávamos de mão atadas”, afirmou.

Para Alexandre Riccio de Oliveira, vice-presidente do Inter, a portabilidade é um passo além na fidelização de clientes.

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