Foto: Arquivo pessoal
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Por G1 santos

Após o pai ter AVC e a família revezar as visitas no Hospital Municipal de Cubatão (SP), os dias da técnica de enfermagem Maria Carolina da Silva Novaes, de 39 anos, se tornaram ainda mais difíceis. Ela, o irmão e a mãe começaram a ter sintomas da Covid-19. Quando o pai recebeu alta, os três foram internados. Maria recebeu alta nesta sexta-feira (9), mas o irmão e a mãe seguem entubados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

“No dia 21 de março meu pai teve o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Nós nos revezávamos com ele no hospital. No dia 24 de março, minha mãe começou a ter febre, então fiquei rendendo ela até a tarde do dia 26. Nesse dia meu irmão veio me render, porque eu também comecei a ter febre”, relembra a técnica de enfermagem.

Segundo Maria, no dia seguinte, sua temperatura diminuiu, mas ela passou a sentir dor na cabeça e ouvido. Mesmo assim, voltou a acompanhar o pai no hospital. “Até aí não tinha nenhum sintoma respiratório. No dia 28 meu irmão ficou muito mal, indo parar no hospital. Eu estava com sintomas bem brandos”, diz.

A família mora em Praia Grande, no litoral paulista, e o pai de Maria estava em Cubatão porque, como ela trabalhou muitos anos na unidade hospitalar, procurou por atendimento na cidade. A mãe e dona de casa Alzira da Silva Novaes, de 59 anos, tem problemas renais e cardíacos. Já o irmão, o vigilante Luiz Fagner Dias Novaes, de 31 anos, não apresenta comorbidades e até pratica esporte.

Inicialmente, a família nem fazia ideia de que poderiam ter sido contaminados pelo coronavírus. Eles acreditaram que poderia ser dengue e chegaram a avisar a agente de saúde que os atende sobre a possibilidade. “Não saíamos do quarto para nada, seguimos em casa todas as recomendações e a única área comum que usamos foi o refeitório e o banheiro”, conta.

Foi apenas na sexta-feira da semana passada que ela e a mãe começaram a sentir os sintomas respiratórios e foram para o Pronto Socorro de Praia Grande, onde fizeram raio-x e foram medicadas. Como estavam se sentido melhor, foram liberadas com prescrição de antibiótico e retroviral.

Mãe e filha voltaram ao hospital da cidade, mas foram encaminhadas a outras unidades após receberem o diagnóstico de suspeita do coronavírus. “Como tenho convênio, fui encaminhada para a Beneficência Portuguesa. Minha mãe está na UTI do Hospital Guilherme Álvaro. Foi um desespero, cada um isolado em um hospital e não conseguíamos ter notícias de nenhum.”

“Meu irmão está internado há 10 dias, e fazem cinco dias que está na UTI, entubado, em um hospital de São Bernardo do Campo, porque aqui não tinha vaga. Há três dias minha mãe está entubada também na UTI. Meu irmão já recebeu o resultado positivo. Meu exame e da minha mãe perderam, tivemos que fazer a recoleta. Tudo isso foi um susto para nós, porque tínhamos que nos cuidar e meu pai perdeu os movimentos por conta do AVC, então sabíamos que ficaríamos distantes, no momento que mais precisávamos um do outro”.

A Prefeitura de Praia Grande informou que não houve extravio dos exames. Segundo a administração municipal, após a entrada do novo laboratório contratado pelo município, foram recoletados exames de alguns pacientes com indicação para maior brevidade nos resultados. A municipalidade ainda destacou que os resultados enviados pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL) tem demorado cerca de três semanas.

Técnica de enfermagem se emocionou ao relatar pelas redes sociais situação da família contaminada pela doença — Foto: Reprodução/Facebook

“Infelizmente é uma doença muito solitária, dolorosa, onde até o ar, que é de graça, não conseguimos fazer uso. Fiquem em casa, pois nem sempre terá disponível uma vaga de UTI. Apesar de toda situação conseguimos atendimento, se acontecesse outro dia, talvez não tivéssemos tanta sorte. E é uma doença que deixa sequelas, ainda sinto muita falta de ar e cansaço. Não consigo falar uma frase completa sem passar mal”.
Os sintomas mais recorrentes entre a família foram febre, diarreia, dor de garganta, perda de olfato e paladar, dor de cabeça e tosse forte. Por fim, veio a grande falta de ar em qualquer esforço que faziam.

“Minha esperança é que domingo que vem todos nós estaremos almoçando juntos. Os últimos dias foram agonizante e solitários. Sem saber ao certo de nada, nem da minha própria recuperação. Eu tenho 10 gatos e 3 cachorros, ficava imaginando se o que deixei era suficiente, são pequenas preocupações que fazem parte da vida de todos”, afirma a técnica de enfermagem.

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