EPA9602. TOKIO (JAPÓN), 19/11/2018.- Foto de archivo del presidente de Nissan Motor, Carlos Ghosn, da una rueda de prensa en Tokio (Japón) el 20 de octubre de 2016. Las autoridades niponas se disponen a arrestar al presidente de Nissan Motor, Carlos Ghosn, por supuesta evasión fiscal, según adelantó hoy, 19 de noviembre de 2018, la agencia Kyodo citando fuentes ligadas a la investigación. EFE/ Kimimasa Mayama
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Por G1

Em sua primeira aparição desde que fugiu do Japão, o ex-presidente da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, reforçou sua inocência durante uma entrevista coletiva em Beirute, no Líbano, nesta quarta-feira (8). O empresário disse que esperava mais ajuda do governo brasileiro.

Ghosn não explicou, no entanto, como conseguiu escapar do Japão no fim do ano, enquanto cumpria prisão domiciliar.

“Essa (fuga) foi a decisão mais difícil da minha vida, mas eu estava enfrentando um sistema em que a taxa de condenação é de 99,4%, e acredito que esse número é muito maior para estrangeiros”, disse Ghosn.
“Fui brutalmente retirado de minha família”, completou o ex-executivo, que nasceu no Brasil, filho de libaneses, e tem cidadania libanesa e francesa.

Fuga de Ghosn: o que se sabe até agora
Principais pontos da entrevista de Ghosn:
Ghosn disse que fugiu porque foi perseguido pelas autoridades japonesas e pela Nissan;
Ele reafirmou inocência quanto às acusações de fraude financeira, e atribuiu a perseguição à redução de desempenho da montadora, no início de 2017;
O ex-executivo revelou ainda que negociava a fusão da Nissan-Renault com a Fiat Chrysler (FCA);
Ghosn disse também que esperava mais ajuda do governo brasileiro, afirmando que o presidente Bolsonaro teria dito que não falaria com autoridades japonesas sobre seu caso, para não atrapalhar as investigações.

Justificativas para a fuga
Preso em novembro de 2018 no Japão, acusado pela Nissan de fraudes financeiras, Ghosn aguardava julgamento em prisão domiciliar em Tóquio, após pagar fiança milionária. Ele estava sob diversas restrições, inclusive a de deixar o país e de receber visitas da família.

Nesta quarta, Ghosn disse que os “princípios dos direitos humanos foram violados” com sua prisão e a justiça japonesa o privou de seus documentos de defesa.

Ao negar novamente as acusações de irregularidades na Nissan, ele afirmou que a redução do desempenho da montadora, no início de 2017, causou uma perseguição contra ele. E que os japoneses da Nissan desejavam mais autonomia em relação à Renault.

“Alguns de meus amigos japoneses pensaram que a única maneira de se livrar da influência da Renault na Nissan era se livrar de mim”, disse.
Acusado de usar dinheiro da Nissan em benefício próprio, Ghosn também falou sobre as casas que tem no Líbano e no Rio de Janeiro, que foram citadas nas investigações. O empresário disse que “não há segredo” sobre as residências e que elas são de propriedade da Nissan.

Também nesta quarta, promotores japoneses disseram que as alegações de Ghosn são falsas. De acordo com a agência Reuters, eles negaram conspiração com a Nissan. “Suas declarações durante sua coletiva de imprensa hoje falharam em justificar seus atos”, disseram os promotores.

‘Esperava mais ajuda do Brasil’
Respondendo a uma pergunta do jornalista Roberto D’Avila, da GloboNews, sobre como foi o tratamento recebido por ele do governo brasileiro, o ex-executivo disse que esperava por mais ajuda.

“O presidente Bolsonaro fez um anúncio no jornal, onde alguém fez uma pergunta para ele, se ele estava pronto para falar do meu caso com as autoridades japonesas. E, se eu me lembro, ele falou que ele não quis fazer isso para não atropelar, atrapalhar as autoridades japonesas”, afirmou Ghosn.
“Claro que eu não gosto desse tipo de declaração, agora, eu respeito esse tipo de declaração”, disse Ghosn. “Mas eu estava esperando um pouco mais de ajuda do governo brasileiro, o que não aconteceu, infelizmente.”

Ghosn, no entanto, destacou a ajuda do cônsul brasileiro no Japão. “Foi muito amigo, muito querido. Ele realmente cuidou de mim, durante um período que foi muito difícil para mim”, afirmou. “O João de Mendonça, com a família dele, ele me tratou com muito carinho”.

Em junho passado, quando Ghosn estava preso e impedido de ver a família, a mulher dele disse que ia pedir ajuda a Bolsonaro, assim como ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao governo francês.

Carole, que é nascida nos EUA e tem cidadania libanesa, estava presente na coletiva desta quarta, mas não se pronunciou.

União entre Nissan-Renault e Fiat Chrysler
Ghosn também revelou que negociava uma possível união entre Nissan-Renault e Fiat Chrylser (FCA). “A aliança perdeu o imperdível, que é a Fiat Chrysler, uma grande oportunidade perdida”, afirmou.

“A aliança (Renault-Nissan-Mitsubishi) foi o grupo automotivo número 1 em 2017, estávamos nos preparando para adicionar a Fiat Chrysler ao grupo”, disse Ghosn.

A FCA acabou finalizando um acordo de fusão com a Peugeot Citroën, no final de 2019, após negociações fracassadas com a Renault.

Convocado a depor
Até agora não foi esclarecido como Ghosn deixou o Japão rumo ao Líbano.

Ele foi convocado pelo procurador-geral libanês, Ghasan Oueidat, prestar depoimento nesta quinta-feira (9), depois que as autoridades receberam uma notificação da Interpol sobre sua fuga do Japão, informou a agência de notícias estatal ANN.

A agência acrescentou que a intimação do Ministério Público tem a ver também com “reuniões com autoridades israelenses”, para as quais foi aberto um processo contra Ghosn no Líbano.

Ghosn se negou a explicar aos jornalistas como escapou. Na última sexta-feira (3), em nota, ele afirmou que agiu sozinho, sem a ajuda de familiares.

De acordo com a imprensa japonesa, o empresário teria saído de Tóquio em direção a Osaka de trem, onde teria pegado um taxi até o aeroporto.

De lá, ele teria embarcado em um jatinho particular em direção ao Líbano dentro de uma caixa de um equipamento musical. Antes de chegar ao Líbano, fez uma escala em Istambul, na Turquia.

A Turquia lançou uma investigação sobre a fuga de Ghosn e sete pessoas foram presas, incluindo quatro pilotos, de acordo com a agência de notícias DHA.

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