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4d9c5b96-285d-417f-8cb7-f7ec333b0b11Domingo (19), durante a Mostra Artística da primeira edição do Boca de Brasa 2016, no Solar Boa Vista, aconteceu a assinatura para abertura do processo de registro do Samba Junino como Patrimônio Imaterial, um reconhecimento mais que merecido para esta que é uma das maiores manifestações populares da cidade.

A assinatura aconteceu em cima do icônico caminhão palco do Boca de Brasa, contou com a presença do presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro; da vice prefeita Célia Sacramento; e da secretária de Reparação, Ivete Sacramento. Em clima comemorativo, mais de dez grupos de Samba Junino do Eng. Velho de Brotas fizeram a festa para um público extensivo que lotou a área externa do Solar Boa Vista.

O Samba Junino nasceu das referências do Samba de Roda do Recôncavo Baiano, expressão cultural brasileira herdada dos africanos e seus descendentes, que fora registrado como patrimônio imaterial do Brasil, em 2004, pelo IPHAN, reconhecido em 2005 como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Esse samba duro, caracterizado como samba urbano, surgiu em torno das casas de candomblé de Salvador, no bojo da religiosidade popular, presente nos terreiros e em muitas festividades de matriz africana nas festas de caboclo, iniciando suas manifestações nas queimas de Judas e encerrando no Dois de Julho, inclusive na sequência das rezas direcionadas aos santos juninos – Santo Antônio, São João e São Pedro.

Representa, então, uma expressão genuinamente soteropolitana, disseminada há 40 anos em diversos bairros de Salvador, ganhando cada vez mais espaço que vai além dos festejos juninos quando desfilam no Centro Histórico. Serviu como base para o surgimento de estilos musicais contemporâneos como o pagode baiano, projetando muitos artistas conhecidos do grande público como Tatau, Reinaldo, Ninha e Márcio Victor.

Hoje, existem muitos grupos que representam o Samba Junino como a Liga de Samba Junino, uma Associação dos Coletivos de Samba Junino presidida por Nonato; Grupo União, com Jorjão Bafafé, que fica no Engenho Velho de Brotas, bairro de grande representatividade desse movimento. Além deles, no Nordeste de Amaralina existem alguns grupos que se enquadram nesse estilo de samba urbano como o Samba Natureza, com Gerson Negão e Sandoval à frente.

Além dos espaços que conquistam, se fez necessário reconhecer o Samba Junino como bem cultural, visando promover além de uma pesquisa sistematizada, através da coleta de registros audiovisuais e a produção de textos que embasem a bibliografia a respeito desse movimento, o procedimento de registro possibilitará mapear os grupos, suas formas, áreas, bairros, bem como catalogar as composições, o estilo rítmico e corporal. Essa produção se faz essencial para fundamentar o plano de salvaguarda, elaborado junto aos detentores e a sustentabilidade desse movimento, através dos critérios que definem o que vem a ser um grupo de Samba Junino, que envolve entre outras questões, o cuidado com a comunidade local.