Começou um novo ano e parece que velhas práticas ainda se estabelecem como atuais. Não posso ser desleal com a história e deixar passar a visível forma de politicar (se é que este termo existe no vocabulário) na capital baiana.
Antecipando a disputa eleitoral, as principais figuras políticas iniciam o jogo com o “quem tá fazendo mais em Salvador”. Rebocados por suas posições ideológicas genuínas ou de conveniências, os guerreiros de cada time se esforçam na defesa – também no ataque – para garantir que seu chefe do momento seja o vencedor na guerra fria do debate.
Assim como URSS x EUA travavam um combate onde ninguém disparava um tiro ou míssil honesto e a mídia era a arma letal, os “soldados” atuais também utilizam os dedos, mas neste caso, apenas teclam ou copiam e colam conteúdo. Tudo isso para cumprir a missão e agradar aos “oficiais superiores” que articulam essa mobilização nas redes sociais. Como sempre, a verdade é a primeira vítima.
O vencedor deste combate não pode ser conhecido no mundo real, onde as urnas apontam quem goza da aprovação do eleitor. Whatsapp não elegerá ninguém. Facebook não é termômetro eleitoral e Twitter não é plataforma de campanha. Todos estes canais podem ajudar a criar outra cultura social, mas na urna, o mundo é diferente e a alegria é triste.
O pior deste fenômeno é enxergar o quanto desleal é enfrentar o debate da militância “paga” virtual. A primavera “tupiniquim” não acontecerá pois não é legítima e espontânea. Tudo que parece individual faz parte de uma estratégia paga de alguma forma com recursos públicos. Raras exceções praticam ideologia político-partidária e quando fazem tem um quê de “lembrem de mim”.
Esperar que tenhamos a consciência de interagir e debater com integridade e respeito. Que tenhamos decência mínima para enfrentar o contraditório sem paixões. Ser leal consigo e tentar não ter fidelidade canina para defender quem muitas vezes não se comportará como dono fiel quando seu cão precisar.
Jeremias Silva é jornalista e editor do portal Política na Rede.