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Por toda a história que tem no Fluminense, Gum manteve, por mais uma temporada, o posto de líder do grupo. Só que, em 2018, o zagueiro teve companhia. O goleiro Júlio César se destacou na função, e os dois atletas tiveram papéis cruciais dentro e fora de campo para evitar o rebaixamento no Brasileirão.

Quis o destino que ambos fossem heróis na partida que definiu a permanência na Série A, a vitória por 1 a 0 sobre o América-MG, neste domingo, no Maracanã. Quando o jogo ainda estava empatado, Júlio defendeu um pênalti e o zagueiro tirou uma bola em cima da linha. Deixaram o campo ovacionados.

Mesmo com toda a importância, a dupla pode ter feito suas últimas partidas com a camisa tricolor. Com contratos a terminar, os dois têm futuro indefinido.

No campo, Gum foi exemplo de garra e Júlio César teve grandes atuações

Há dez anos no clube, Gum já passou de tudo no Fluminense. Desde as glórias de dois títulos brasileiros a momentos difíceis como lesões e crises internas. Na arrancada de 2009 que salvou o time da queda e levou ao vice da Sul-Americana, encarnou o espírito guerreiro que dá fama à equipe até hoje.

Com a braçadeira de capitão este ano, usou toda sua história para servir de exemplo de entrega e motivação para os demais jogadores. Sua presença em campo contra o Nacional, pela Sul-Americana, no sacrifício, foi uma prova de que todos também deveriam lutar até o fim.

Júlio César, por sua vez, completou seu quarto ano de Fluminense. Antes à sombra de Diego Cavalieri, teve em 2018, com a saída do companheiro de posição, a chance de se firmar como titular.

Começou sob desconfiança da torcida e terminou fazendo uma grandíssima temporada. Ao longo do ano, fez uma série de grandes defesas e teve algumas atuações de gala – com destaque à deste domingo e à final da Taça Rio.

Fora de campo, foram dois dos líderes do grupo

Fora das quatro linhas, Gum e Júlio foram imprescindíveis para que o bom ambiente do grupo fosse mantido. A liderança deles amenizou as dificuldades enfrentadas, principalmente na questão dos salários atrasados, e para que a pressão da torcida não afetasse negativamente alguns dos jogadores.

O clube também atuou. Para motivar o elenco, organizou uma palestra com Bernardinho, treinador multicampeão no vôlei.

Neste ponto, vale citar também o zagueiro Digão e o goleiro reserva Rodolfo. Foram os quatro que falaram com os torcedores que tiveram acesso ao vestiário no empate com Ceará, em novembro. Foram os quatro que tomaram a frente quando membros de organizadas invadiram o CT na última sexta-feira.

Uma declaração de Marlon, autor do pênalti defendido por Júlio César, é um exemplo do carinho do elenco pelo goleiro.

– O lance do pênalti foi de futilidade. Estava sem jogar, queria mostrar serviço. Mas naquele situação eu estaria rebaixando uma instituição e meus companheiros. Depois só torci para o Júlio César pegar. Ele sempre fala que eu faço as cagadas e ele me salva – brincou Marlon.

Os dois estiveram também entre os jogadores que chegaram a pagar contas e emprestar dinheiro a funcionários do clube que recebem menos para amenizar os contratempos causados pelos salários atrasados. O zagueiro intermediou também conversas do grupo com a diretoria a respeito de salários e premiações.

Futuro indefinido

As duas principais lideranças, porém, podem não permanecer. Remanescentes de uma outra fase financeira do clube, eles possuem os dois maiores salários do atual elenco, acima do teto de R$ 150 mil. Com contratos a terminar no fim do ano, teriam que alinhar valores e tempos de vínculo para acertar uma renovação.

Gum deixou o campo falando em tom de despedida. Admitiu que chegou a iniciar conversas com o Fluminense para renovação, tinha até aceitado reduzir o salário em até 50% para permanecer, mas divergências no tempo acabaram paralisando as negociações.

– Não houve um bom senso em questão de tempo de contrato, não de valores. Eu estava disposto em baixar meu salário em mais de 50%. A partir do momento que não houve solução eu mesmo pedi para não conversar mais sobre porque tinha começado a me atrapalhar. E pelo amor e gratidão que tenho ao clube, preferi não conversar. E depois disso consegui melhorar a performance. Eu queria terminar esse ano honrando a camisa do Fluminense, tendo gratidão por esse clube.

Júlio César, por sua vez, não chegou a falar em tom de adeus, mas deixou o futuro em aberto. Confessou que seu pai e representante, Darci Afonso Jacobi, recebeu algumas propostas, mas que só serão repassadas agora, nas férias.

– Vou conversar com meu pai, vou ver o que ele tem para falar. Ele disse que existem algumas situações, mas não quis me abrir para eu estar focado no que era mais importante – foi muito ético da parte dele. Mas está tudo nas mãos dele. Ele vai começar a me passar. E vamos ver o que será o melhor para 2019.

Se o ano para o Fluminense foi complicado mesmo com todo o trabalho feito por Gum e Júlio César dentro e fora de campo, caso os dois saiam em 2019, o clube terá um desafio a mais para superar para que as dificuldades não se repitam.

Globo Esporte

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